terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

ESCOLA MUNICIPAL AYRTON SENNA


A oficina A Volta ao Dia em 80 Mundos chegou à Escola Municipal Ayrton Senna dez horas da manhã. O sol estava a pino e ficamos bem pertinho dele, no alto do Morro do Estado, em Niterói. A expectativa era imensa. No portão, fomos recebidas por um homem muito simpático. Na parede de entrada, recortada em papel colorido, a delicada frase: “bom dia, sejam bem vindos!” Ficamos felizes com a amável recepção, agradável sensação de estar em casa. O lugar é bastante acolhedor. As crianças incríveis, divertidas e inteligentes.  

A oficina começou com a história A Moça Tecelã, de Marina Colasanti. Minutos antes, a contadora de histórias, Thatiana Verthein, na verdade Madame Tormenta Furtacor, ilustrou o que é um tear. Usou como exemplo fios do próprio cabelo. O mais inusitado foi quando perguntou se alguém sabia o que era uma lançadeira. Veloz, um menino respondeu: “é um negócio que joga de um lado para o outro para passar os fios”. Madame Tormenta pensou que ela não seria tão sagaz na resposta. E o menino completou que sua avó usava um tear. Percebemos que o tear e seu tapete mágico, universos fantásticos, príncipes, castelos, sonhos e jardins encantados fazem parte da vida deles. E que mesmo nesse mundo aterrador em que para muitos ser sonhador é um defeito, encontramos na Ayrton Senna, crianças criativas e inspiradas.  



Madame Tormenta Furtacor passando o delicado traço cor de luz sobre os fios estendidos


Durante a história saborearam uma áurea de encantamento, olhinhos arregalados de atenção reuniam todos os fatos que eram, que são, que serão... Ao final, o diálogo acerca da narrativa gerou frutos proveitosos.  Uma menina, com naturalidade, fez uma análise bastante complexa: “tudo que a moça tecelã tecia virava realidade, ela fez um marido. Ele era muito exigente, então ela desfez o tecido.” Ficamos perplexas com os questionamentos e associações de pessoas tão pequeninas. Outra menina disse: “ela devia ter feito um gato ao invés de um marido”. No decorrer da conversa, percebemos que não fomos ensinar nada e sim, compartilhar saberes com aqueles alunos do 4° e 5° ano; pequenos gigantes.



Madame Tormenta desenhando a linha do horizonte com a claridade da manhã


Depois das veementes impressões acerca da narrativa, a artista plástica Bianca Madruga propôs a atividade. Assim como a Moça Tecelã, cada um também pode tecer a sua própria história com fios e cores de contentamento. A vida é um tapete de retalhos, cheia de amor, entrega e desencanto, desejos e dúvidas... E se, por algum motivo, não gostamos do nosso tapete, sempre há a possibilidade de tecer um recomeço com traços ensolarados de beleza e poesia. 


Bianca Madruga mostrando um dos jeitos (a forma de fazer é livre) de criar a invencionice


Bianca pediu que os alunos fizessem um autorretrato no tecido, algo que teceriam para a vida deles, qualquer coisa que gostariam de ter, imaginar, vivenciar. Algo sensível, interminável, maluco, atroz, poético... Então, um menino perguntou se poderia tecer sua invenção: a mão mole. Achamos aquilo fantástico e repaginamos o conceito, agora não teceriam mais o autorretrato, mas uma invencionice. 


Bianca entregando o material


Estavam ansiosos para criar a invencionice. Enquanto isso, o livro da escritora Marina Colasanti passava pela sala, conquistando a todos com sua surpreendente ilustração feita com bordados das irmãs Dumont, Ângela, Martha, Marilu e Sávia e da mãe, Antônia, sobre os desenhos de Demóstenes Vargas; Global Editora. 


O livro costurando sorrisos carinhosos

                
Fizemos uma pequena pausa para o almoço às 11h20, até porque ninguém é de ferro e de barriga fazia não dá para pensar direito. Porém, teve gente que quase abdicou do almoço para se concentrar na atividade. Acho que nunca tivemos participantes tão empenhados. Dá-lhe Ayrton Senna, já entendemos que esse nome não foi por acaso. 





Satisfeitos e animados, retornaram à sala para começar a brincadeira. Estavam seriíssimos e compenetrados, nem ousamos chamar de outra coisa a não ser de trabalho, empenharam-se feito verdadeiros artistas. Primeiro, analisaram os exemplos inventados pela Bianca, a máquina de fazer nuvem e a máquina de fazer arco-íris, à direita.






Repletos de desenvoltura, delicadeza e vontade implacável teceram figuras impressionantes. Tudo isso com deliciosa dose de diversão. 








Faziam como a Moça Tecelã, com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida. Ficamos assombradas com o resultado, uma obra de arte passível de ser exposta em qualquer museu do mundo. Plena manifestação de arte contemporânea! 



Invencionices Entrelaçadas 



Folheando as Invencionices 




















O Livro Invencionices Entrelaçadas foi criado com a costura do trabalho dos alunos. O Livro das vidas entremeadas. Sonhos e linhas traçadas que pela magia do querer tornam-se realidades.  




Costurando Invencionices




A Terra por Ricardo Carvalho 




Casa por Cailane




Coração Apaixonado por Jamile




Flor por Maria Noeli


Fiz uma casa por Sávio




Bicicleta por Lucas



Sol por Marlon


A Tempestade por Geovana


Carro sem porta por Luiz Felipe

                                   
Casa por Thamiris 



Flores por Ana Júlia 


Máquina de fazer neve por Daniel 


João Victor (s/ título)


A janela que sai minhoca por Valquíria


Casa menino na Lua (s/ nome)


Mão Mole (s/ nome)


Máquina de bola por Graciene


Robô para ninguém entrar no quarto por Isabella


Quadrado por Tamara


Casa por Yan


Roger (s/ título)



Invencionices de gênios desapegados.  


                     


  












O encontro foi lindo! As crianças são muito doces. E lançaram sobre nós uma energia intensa de afeto, ficamos inebriadas. Quando fomos embora, andando pela rua, sentimos que as pessoas nos olhavam diferente, tinham um ar suave, refrescante... Ou éramos nós que estávamos diferentes?

O Projeto A Volta ao Dia em 80 Mundos gostaria de fazer um agradecimento especial à coordenadora Rosane pela afabilidade, à Diretora Cristiane Rose Jeronymo da Escola Ayrton Senna pela confiança depositada em nosso trabalho, à coordenadora Solange que nos recepcionou com carinho acolhedor em nossa passagem, às dedicadas e amorosas professoras Rosimeri (4°ano) e Nilsea (5°ano). E dizer a professora Nilsea que ficamos emocionadas quando ela nos disse, com olhos brilhantes, que demos muito carinho e atenção para as crianças e que elas estavam muito felizes. E, principalmente, ao Clube Naval por viabilizar a implementação do Projeto e possibilitar o desenvolvimento da oficina em escolas públicas.      





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4 comentários:

  1. O trabalho da oficina de Contação de História e Artes Plásticas do projeto A volta ao dia em 80 mundos, no Colégio Municipal Ayrton Senna, com crianças da comunidade, mostra que a infância é rica de sensibilidade e emoção quando os encontros abrem portas para um agir desejante. Parabéns, por darem vida aos espaços saudáveis das invencionices.
    Marilene Verthein

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  2. Segredos imensos do interminável mundo criativo das crianças... <3 <3

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  3. Fiquei emocionada com o carinho dispensado aos nossos alunos e pelas palavras poeticas escritas neste blog, senti como se estivesse lendo um novo livro onde os protagonistas são nossos queridos alunos. Nós, da Ayrton Senna, é que agradecemos a presença de vocês com o maravilhoso trabalho. Que o Clube Naval possa continuar proporcionando alegria, diversidade, literatura para nossas crianças.
    Obrigada Thatiana e Bianca.
    Beijocas, Rosane Farias (Pedagoga)

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  4. Amei a poesia, a leveza, a liberdade, o respeito, o amor, a possibilidade de criar/imaginar, a Literatura e a Arte presentes...
    Thatiana e Bianca estão de PARABÉNS!
    Só de visitar o " blog"...já me envolvi.
    Olhares, sensações, emoções, sentimentos, percepções, cores, sabores, experiências, expressões, descobertas, reflexões...estão presentes nas oficinas que vocês propiciam.
    Nota MIL para vocês, tão jovens e tão gigantes!Cleise

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Olhares